Lord Plex Rominus
Rock N' Roll!
Rock N' Roll!
Então partimos em busca ao cemitério perdido. De início estávamos tão ansiosos já que o que nos esperava era algo totalmente misterioso até então.
Chegando a cidade vizinha, São Roque city, o primeiro obstáculo surgiu, o horário do ônibus, nós nunca confiamos em um velho sentado em um ponto de ônibus para dar informações sobre o itinerário.
Perguntamos ao tal senhor e ele respondeu que naquele instante aquele ônibus que ele estava a tomar seria o "nosso" ônibus, já que nos levaria até a cidade longínqua.
Nós, ainda desacreditados, fomos buscar uma segunda opinião, depois de confirmar o nosso erro com a fiscal de ônibus na rodoviária, tentamos voltar a tempo de ainda pegar o mesmo ônibus, mas fazer o que, ele já havia partido...
Então já que teríamos que esperar mais um tempo, porque não tomar um sorvete? Tava calor mesmo...
Enquanto tomávamos um sorvete e esperávamos o próximo ônibus eu pensava em minha mente maquiavélica uma forma de fazer meu amigo derramar seu sorvete, mas dessa vez não me surgiu idéias, eu estava não criativo nesse dia...infelizmente...hehehe
Logo após tomarmos o ônibus, sim eu disse "tomar" o ônibus, não o sorvete, o sorvete já tinha acabado! Enquanto íamos até a cidade de Araçariguama a gente conversava sobre onde seria o centro da cidade para descermos, já que não queríamos descer em um bairro afastado habitado por canibais!
Acho que quando estamos juntos nós falamos alto demais, porque um outro passageiro intrometeu-se em nossa conversa para tentar nos ajudar com nossa dúvida, ao descer do ônibus eu me deparei com a pequena cidade que já tinha conhecido há muito tempo atrás e por apenas alguns pouco minutos, já havia passado ali, ah sim, eu me lembrava do grande cão de madeira com as escritas: "veterinário" bem no centro da cidade, também me lembrava das "leves" caídas nas ruas, indicando um grande barranco nas ruas...se não fossem asfaltadas, e as casas não fossem pintadas, eu chamaria de favela, rs, mas ainda havia o problema maior, onde é o cemitério?
O tão curioso e misterioso cemitério que havíamos visto no tal vídeo do youtube? Onde o autor, um poeta paulistano, havia me dito que teria tirado as fotos nesse tal cemitério para fazer o video, eram fotos deslumbrantes, túmulos espalhados de forma uniforme, em uma avenida que se desfazia ao meio as flores e árvores, com mausoléus enormes e uma grande gama de artes diferentes, como anjos esculpidos, túmulos feitos em pedras antigas e as belas cruzes, algumas tortas, outras curvadas, mas sempre com um aspecto muito antigo e sempre transmitindo uma sensação de paz, que se podia sentir mesmo através do vídeo.
Estávamos ansiosos pela nossa descoberta, mas infelizmente, ou felizmente! encontramos uma senhora na rua, mais um dos habitantes da cidade que não simpatizavam com nossa aparência, diga-se de passagem, não é comum para habitantes de cidades pequenas simpatizarem com pessoas como nós, embora não entenda bem o porquê, algo me diz que nosso "figurino" não ajuda muito, vestidos de pretos, meu amigo com uma cruz no pescoço, uma corrente enorme e eu com minha calça branca e camiseta preta do Lacrimosa, com minha mochila lotada de chaveiros, correntes e até um botom do Marilyn Manson, acho que isso "chama" a atenção das pessoas, embora para nós seja um tanto quanto normal...e relativamente inofensível...
De qualquer forma está tal senhora que esperávamos receber a informação correta, nos enganou, dizendo que havia dois caminhos para o cemitério, um próximo e outro distante, o próximo seria apenas voltarmos um pouco pelo caminho que tínhamos vindo e seguirmos por uma rua de terra, simples assim, já o outro teria que darmos outra volta e passarmos por outros lugares mais que já nem me recordo, ok, resolvemos o que a maioria das pessoas que sofrem de ansiedade fazem, o mais fácil!
Enquanto fazíamos o roteiro de volta, a pé, eu me deparo com algo muito inusitado, o meu amigo estava a dois passos a minha frente, enquanto eu caminhava vi algo no chão que teria chamado a atenção de qualquer pessoa, um papel, meio alaranjado, com escritas, não identificável ainda, mas muito curioso, algo familiar, que alguém poderia ter deixado cair ali, mas com certeza, que ninguém deixaria ali propositalmente, confesso que a primeira coisa que pensei quando vi aquela nota de 50 mangos caída no chão ali, dobrada e com um leve movimento de vai e vem, "me chamando" dizendo; "pegue-me" ...a primeira coisa que pensei: "isso é uma pegadinha? tem uma linha amarrada na nota e eu vou fazer papel de bobo?" eu quase deixei passar, achando também que poderia ser falsa, mas não dava para não arriscar, 50 mangos faria toda a diferença, e foi o que fiz, peguei a nota e nem olhei para o lado, enquanto meu amigo e eu riamos e caminhávamos para o caminho "mais rápido" para o cemitério, nós tentávamos imaginar quem poderia ter sido o azarado que perdeste todo aquele dinheiro, cá entre nós, 50 mangos pode tornar qualquer expedição um pouco mais interessante, pelo menos para dois adolescentes um de 18 e um de 20 anos, hehehe.
Achado não é roubado!
Embora não tenha certeza, eu acredito que tenha visto a pessoa que nos beneficiou com o tal dinheiro, enquanto caminhávamos ainda pelo caminho fácil e passamos em frente a um bar, com um aglomerado de pessoas, umas 10 pessoas aproximadamente, eu vi uma senhora que aparentava uns 38 anos, baixa, de cabelo cumprido e enrolado, amarrado em um rabo de cavalo, ela estava com a carteira na mão, e com um rosto que aparentava ter esquecido alguma coisa, parecia ser uma senhora trabalhadora, alguém que cuida da casa e que também trabalha para ajudar a pagar as contas, o tipo de pessoa que merecia aquele dinheiro, eu a vi olhar dentro da carteira e voltar correndo para o lugar de onde tínhamos vindo, claro que eu não podia ter certeza que havia sido ela a tão azarada pessoa que perdeu o dinheiro, não havia como saber, se eu perguntasse, o que vocês acham que ela me responderia?
Os minutos se passaram e percebemos que já tinhamos andado muito... muito mais do que esperávamos, já estávamos passando por cima da rodovia Castelo Branco, e dois homens passaram por nós, quando perguntamos como fazer para ir até o cemitério, eles nos informaram o caminho, que era simplesmente o oposto do que estávamos a fazer, isso nos deixou um pouco decepcionados, já que tínhamos confiado naquela senhora que nos deu a informação, mas tudo bem, não havia muito do que reclamar, talvez não teríamos achado o dinheiro se não tivéssemos tentado esse caminho, então, valia a pena andar um pouco mais, com certeza valia, enquanto andávamos no acostamento da rodovia Castelo Branco, e tirávamos fotos, discutindo sobre bandas, falando sobre Marilyn Manson quase sempre, estávamos tão ansiosos para encontrar o cemitério, quando ao longe, em uma breve bifurcação, avistamos, o que acreditávamos ser, o cemitério da cidade de Araçariguama!
Não havia as avenidas com curvas e mausoléus grandes, ao invés disso, havia pequenos caminhos que seguiam linearmente, sempre com alguns túmulos distribuídos de forma paralela, tudo isso ao longo de no máximo 20 metros, levando em conta que na largura não ultrapassava muito os 20 metros...
Enquanto nos aprontávamos para a sessão de fotos grotescas, percebemos, que, mesmo o cemitério sendo um pouco afastado da cidade, ainda havia transeuntes visitando os túmulos de seus amigos,parentes e conhecidos, infelizmente, também não poderíamos reclamar o cemitério apenas para nós, já que viemos em horário comercial, mas isso não impediria meu amigo e eu de usarmos a cartola, as gargantilhas, o sobretudo e a máscara também, claro que não impediria.
Enquanto nossa criatividade era colocada em teste, eu aprendia com meu amigo que eu realmente não sei tirar foto, eu sempre saio com cara de tonto, totalmente sem expressão nas fotos. Enquanto ele esbanjava criatividade, eu sempre saia com as mãos para trás, fazendo cara de bobo, aos poucos eu me soltei mais e consegui tirar umas fotos mais legais, vide foto "Gângster".
Depois de tantas fotos, a sede já me vencia, não havia água tão perto, já que os habitantes locais não precisam muito dela, então resolvemos que já estava na hora de nos despedirmos da nossa terra, da nossa "casa", nosso local de paz e tranqüilidade, paz essa que não se consegue nas grandes florestas de pedras, mesmo a nossa cidade natal sendo um tanto quanto pequena, não se podia sentir paz como em um cemitério, com certeza não...talvez apenas, estando embaixo de um daqueles túmulos, quem sabe poderia ser mais agradável que estar acima deles, mas nesse dia, com certeza não era!
O mais engraçado foi que quando saímos do cemitério levamos cerca de 5 minutos para chegar ao centro da cidade de novo, isso é um absurdo se comparado aos nossos outros 40 minutos que havíamos levado para dar toda a volta na cidade, mas resolvemos não reclamar mais disso, já que os 50 mangos tinham feito a diferença!
Pena que o celular do meu amigo quebrou, já estava com problema há alguns dias, e ele já tinha travado o "Media player" , agora me respondam vocês:
"O que um fumante faz com um maço de cigarro vazio?"
"O que um bêbado faz com uma garrafa de cerveja vazia?"
"O que um drogado faz com um resto de maconha que já não pode ser fumado?"
Sim sim, eles jogam fora,mas vocês querem entender qual a relação de tudo isso conosco?
Nada na verdade, não fumamos, não bebemos e não usamos drogas, nos odiamos isso, mas a relação é que nós somos viciados em música! Viciados em Rock N' Roll! E imagina um celular que não toca música, isso é mesmo que um carro que não anda, felizmente ainda havia a opção de "consertar" o celular, porque se não seria até um bom motivo quebrá-lo ali mesmo, talvez até enterrá-lo ali mesmo no cemitério, com certeza, um celular que toca música é mais importante que um celular que faz ligação! Pelo menos para nós!!! =D
Viciados em Rock N' Roll
Já estávamos bem cansados, enquanto esperávamos nosso ônibus de volta passar, claro que antes precisávamos beber algo e eu não reclamei e comprei sem dó uma garrafa de 600ml de coca-cola por absurdos R$3,00, não tinha porque reclamar, a sede era maior e o dinheiro ganhado precisava ser usado!
O pior foi ser enganado novamente por outra senhora dessa vez!
A mulher que nos vendeu o refrigerante e uma garrafa de H2O para meu amigo, sim ela nos enganou, enquanto nos disse que o ônibus passaria em um ponto bem a nossa frente, ele passou bem atrás da gente, na rua debaixo, isso foi desanimador, sabendo que o próximo levaria um bom tempo para passar ainda...
Foi aí que avistamos o grande homem de lata...
Ele era imenso, parecia personagem de um seriado de TV, como "Power Rangers", ou até mesmo o velho "Jaspion", pensamos: "Há uma grande subida até lá" podia se ver a grande rua com muitas curvas e cercada de árvores que nos levaria até o grande homem de lata...
Depois de um pouco relutar, resolvemos que mais uma caminhada não faria mal a ninguém, só precisaríamos de mais água e resolveríamos o resto, não éramos meros aventureiros, a caminhada já era costume em nossas vidas cheias de ação! (risos)
Enquanto passávamos pelo penúltimo comércio antes da grande subida em direção ao monumento de lata, um mercado, resolvemos que devíamos comprar água ali, enquanto olhávamos a grande quantidade de refrigerante e bebidas alcoólicas nas prateleiras, chegou um rapaz, funcionário do mercado, com uma expressão um tanto quanto assustada conosco, ele disse que não podíamos entrar de mochila, coisa de quem suspeita um roubo, enquanto guardamos nossas bagagens na entrada do mercado, eu pensava: "Tinha que ser cidade pequena mesmo"
Mas isso não era significante, nem sequer era um obstáculo, como o que já havíamos vencido naquele dia...
Percebemos que não havia água e demos o fora daquele mercado, o que foi mais suspeito ainda para as pessoas que nos observavam sair do mercado com sorrisos maliciosos, mas não, não tínhamos roubado nada, também não roubamos, acreditem!
O que aconteceu é que acabamos por vencer a grande subida com apenas o auxílio de um pote de sorvete, mas sinceramente, a subida não era tão grande assim, levou apenas alguns minutos para chegarmos ao fim dela.
Quando nos deparamos com a paisagem local, um grande campo abandonado, um belo lugar, havia uma igreja abandonada, coisa rara de se ver, hoje em dia vê-se bares que transformaram-se em igrejas, casas que viraram igrejas, restaurantes que viraram igrejas, etc.
Havia também um grande avião abandonado, e o grande homem de lata, ao longe impondo a sua majestade com seus aproximadamente 25 metros.